O que esperar das telas flexíveis para os próximos anos

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Modelo de tela flexível da ITRI.

Fonte da imagem: ITRI.

O poder de um simples toque com o dedo nunca foi tão grande como nos últimos anos. A invenção das telas sensíveis ao toque revolucionou o mundo da tecnologia. Com sua popularização, nossos dedos ganharam “habilidades” extraordinárias.

Há duas décadas, ninguém imaginava redigir textos, editar imagens, manipular conteúdos multimídias, iniciar uma chamada telefônica ou jogar video game sem precisar de botões ou controles. Hoje, em meio a smartphones, tablets e e-readers, não nos prognosticamos sem a presença desta comodidade em nossas vidas.

Em se tratando de tecnologia, nada pode ficar parado. A tendência de evolução das telas parte agora para a flexibilidade. Em 2010, os displays dobráveis ganharam maior notoriedade. Algumas empresas, como a AU Optronics, pretendem disponibilizar eletrônicos dotados de telas flexíveis ainda este ano.

O futuro da tecnologia ainda é incerto, mas alguns estudos apontam que ela poderá ajudar o desenvolvimento de alternativas para a atual produção de telas sensíveis ao toque, a qual tem um alto consumo de elementos químicos escassos. A aplicação das películas maleáveis é bem variada e deve oferecer ao mercado gadgets inusitados.

Antes de nos aprofundarmos mais nestes assuntos, é preciso entender a composição das telas flexíveis e suas principais características.

Entortando o conceito

A tecnologia empregada nas telas flexíveis não foi criada de uma hora para outra. Empresas,como a Plastic Logic têm trabalhado em pesquisas e testes do material dobrável e interativo há mais de dez anos. O leitor eletrônico da organização, chamado de QUE ProReader, possui display plástico maleável desenvolvido pelo Cavendish Laboratory, departamento da Universidade de Cambridge – tradicional e respeitada instituição de ensino do Reino Unido.

Tela levemente envergada.

Fonte da imagem: WAN-IFRA.

Os displays dobráveis consistem, basicamente, em uma fina camada de substância orgânica transparente e condutora de elétrons sobreposta a uma base de outro material mais resistente (porém, não rígido), como o plástico.

A substância orgânica ideal para a construção das telas flexíveis ainda não foi padronizada. Por exemplo, a Sony criou uma tela de 4,1 polegadas flexível utilizando uma substância derivada do peri-Xanthenoxanthene (também conhecido como PXX). O protótipo da empresa possui resolução de 432 por 240 pixels e, segundo informativo divulgado pela Sony, a novidade apresentou estabilidade ao interagir com luminosidade, oxigênio, humidade e calor.

Por sua vez, uma equipe de pesquisadores sul-coreana da Universidade de Sungkyunkwan, em meados de 2010, desenvolveu uma tela que pode ser entortada com uma finíssima camada de grafite em seu estado puro, denominado grafeno. De acordo com a publicação de James Mitchell Crow na revista New Scientist, a substância mostrou-se promissora, tendo altos níveis de transparência e robustez.

Dobre a fotografia sem danificá-la.

Fonte da imagem: 10 Times One.

O grande desafio para as equipes de cientistas é fazer que as minúsculas partículas trabalhem como uma rede efetiva, conduzindo a energia necessária para a exibição das imagens, e elevar sua produção para escala industrial.

A interação das camadas orgânicas com os chips do circuito integrado dos aparelhos eletrônicos é outro ponto que deve ter seu funcionamento aprimorado. Apesar de já terem surgido algumas alternativas (a implementação de nanofios no lugar dos nanotubos é um exemplo), essas questões ainda devem desenrolar novos estudos.

Vantagens da tela flexível

A adoção das telas flexíveis oferece vantagens para as empresas, consumidores e meio ambiente. Na que concerne a sustentabilidade da tecnologia, o argumento para sua utilização está na substituição do óxido de índio-estanho (substância oriunda do índio, elemento químico escasso e que, segundo levantamentos da Universidade de Yale, estaria disponível somente até 2020) por materiais mais comuns.

Nesse contexto, o grafeno é a opção que tem ganhado maior visibilidade. Durante a Campus Party 2011, Tatiana Rappoport, pesquisadora da UFRJ, explicou que o derivado do grafite é 20 vezes mais rápido que o silício (componente de circuitos integrados e transistores), chegando a atingir 1 THz. Além disso, esta substância é o material mais resistente do mundo, superando até mesmo o aço.

Industrial Technology Research Institute

Fonte da imagem: Industrial Technology Research Institute.

Para Rappoport, a descoberta e a manipulação do grafeno podem tornar as telas flexíveis mais baratas, duráveis e moldáveis, o que seria de grande interesse para empresas fabricantes de eletrônicos e consumidores finais. Como entusiastas, ainda temos a esperança que empregar esse tipo de tecnologia na reprodução de imagens possa viabilizar a construção de ambientes tridimensionais que propiciem experiências melhoradas aos usuários.

A flexibilidade que já saiu do papel

Como já comentamos, não é a primeira vez que as telas flexíveis aparecem para gerar expectativas e especulações na mídia. Em 2006, a Universal Display Corporation anunciou um protótipo de tela de LED orgânica e dobrável, um dos precursores da tecnologia AMOLED.

O ano de 2010 reforçou a notoriedade da maleabilidade destes displays. Um projeto entre a AU Optronics e o Industrial Technology Research Institute (instituto de pesquisa de Taiwan) anunciado em novembro do ano passado, resultou no FlexUPD – tela de 6 polegadas com 5 centímetros de raio de flexibilidade e compatível com conteúdos 3D.

A TDK chegou na Ceatec 2010 – feira anual de tecnologia que ocorre no Japão – a todo vapor. A empresa revelou um display maleável para smartphones e gadgets de pequeno porte com 3,5 polegadas, resolução de até 256 por 64 pixels e menos de 0,3 milímetros de espessura. A tela possui entre 0,9 e 1,1 gramas para os modelos preto e branco e colorido, respectivamente.

Formato de tela que imita um jornal.

Fonte da imagem: Inhabitat Design.

A LG também está na corrida pelo desenvolvimento de leitores eletrônicos. A empresa revelou em outubro de 2010 dois produtos bem interessantes para os leitores assíduos. Um deles é um e-reader flexível de 9,7 polegadas e que atinge até 16 milhões de cores, fato que deve proporcionar imagens com definição apurada, facilitando a leitura. A outra novidade foi voltada para os amantes dos jornais, um e-paper de 19 polegadas (dimensão próxima a dos jornais impressos tradicionais).

O vídeo abaixo exibe um projeto da Samsung sendo testado. Pela gravação, podemos perceber que a aplicação deste tipo de tecnologia está em fase de aperfeiçoamentos e compatibilidades. Durante os experimentos, o usuário dobra a tela praticamente ao meio e dá marteladas no modelo, sem que este seja afetado em sua integridade física ou na execução da imagem. Isso corrobora que a tecnologia oferece maior resistência do que as telas de LCD comuns que temos em nossos smartphones.

Nenhum dos gagdets teve uma data de lançamento divulgada. Porém, a AU Optronics e a TDK deram a entender que seus produtos estarão disponíveis no mercado até o final de 2011.

Futuro promissor

Que as telas flexíveis têm um futuro promissor é praticamente indiscutível. O fato de a tecnologia, base para a construção dos displays maleáveis, utilizar elementos químicos mais comuns na natureza, e que o processo produtivo pode ser barateado, deve ser um atrativo para que as empresas vejam esta tecnologia com outros olhos.

A aplicação das telas dobráveis pode ser considerada ilimitada. Os gadgets que serão "tunados" com estes display elásticos, a principio, serão os e-readers e e-papers. Entretanto, nada proíbe ou impede que a tecnologia seja embarcada em video games portáteis, smartphones e televisões.

A praticidade e comodidade oferecida pela tecnologia são impressionantes. Já imaginou se fosse possível enrolar seu livro eletrônico de leitura no lápis e guardá-lo no bolso? Não só é possível, como a Sony elaborou um protótipo de 4 polegadas de alta resolução (até 432 por 240 pixels) que pode ser enrolado, sem afetar a imagem em exibição. Não é fantástico?

Protótipo da Sony.

Fonte da imagem: Sony.

Há inclusive o interesse militar na adoção de display maleáveis. A tecnologia permitiria que os soldados usassem monitores qualificados com menor probabilidade de quebra por fortes impactos, algo muito comum em missões promovidas pelo exército, por exemplo. O Flexible Display Center (FDC), departamento da Universidade do Estado do Arizona, é o instituto que tem tomado a frente nas pesquisas para as telas flexíveis.

Para saber o que vem pela frente, só nos resta esperar. Pelos indícios que algumas empresas divulgaram, e esperamos que as especulações se concretizem, teremos eletrônicos dotados de telas flexíveis ainda este ano. Que assim seja!

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E para você, leitor do Baixaki? Quais são suas expectativas para as telas flexíveis? Você acha que esta tecnologia pode revolucionar os aparelhos eletrônicos? Quais novos gadgets podem surgir com a adoção de displays maleáveis? Qual a maior utilidade que os produtos dobráveis podem ter em nosso dia a dia? Faça seus comentários e exponha sua opinião!

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