Coluna: O que são os HUE BR? Onde vivem? Por que se reproduzem?

Imagem de: Coluna: O que são os HUE BR? Onde vivem? Por que se reproduzem?

(Fonte da imagem: Know Your Meme)

Quem já se aventurou em um jogo online, sobretudo algum MMORPG, muito provavelmente já se deparou com jogadores pouco interessados em cooperar com as pessoas ao seu redor. Mesquinho, egoísta, preguiçoso, bully e, principalmente, ignorante: estas são características essenciais para alguém se enquadrar no perfil do jogador “HUE HUE HUE BR”. Todo brasileiro age assim? Não, longe disso. Porém, possivelmente você conhece alguém desse tipo.

Enquanto a matéria da Folha descreve muito bem esse subgrupo de jogadores, o seu foco faz parecer que absolutamente todo player brasileiro é assim, o que não está correto. Contudo, partindo desse ponto da discussão, podemos expandi-la um pouco e procurar entender a mentalidade e as motivações dos HUE. Enquanto isso pode nos levar a encontrar razões profundas, talvez a busca não revele nada além de um aspecto superficial do grupo.

“É só um jogo”

Sabe quando você leva aquele headshot e fica irritado? Então, provavelmente alguém já veio falar para você “calma, cara, é só um jogo”. Talvez possamos considerar essa como uma característica da nossa cultura: jogos são considerados coisas de criança. Entretanto, basta ver campeonatos internacionais e jogadores sendo patrocinados por grandes empresas para perceber que isso não é exatamente verdade.

(Fonte da imagem: Reprodução/iStock)

Agora, pense na seguinte situação: você gosta de PvP e explora o mundo em busca de novas vítimas. De repente, você se depara com alguém que claramente cometeu um engano e está lutando contra três monstros ao realizar uma missão que você conhece por já ter feito. O cara tem magias de cura e, embora demore um pouco, com certeza vai vencer. O que você faz? Um clássico HUE vai rir da vítima, dizer “cara, é só um jogo!”, e continuar o ganking até ela se desconectar.

Enquanto essa falta de seriedade pode ser usada como desculpa esfarrapada, ela também pode atrapalhar não apenas jogadores isolados, como também grupos inteiros. Em uma raide, o erro de apenas uma pessoa em função importante custa não apenas tempo, mas o gold de muita gente. Se você entra como tank ou healer e tem a mentalidade “é só um jogo”, talvez a falta de preocupação com o desempenho atrapalhe quem leva a coisa a sério.

(Fonte da imagem: Reprodução/Robertroll)

O legado de Counter-Strike

Não há dúvidas de que Counter-Strike continuou famoso por muito tempo em lan-houses fazendo parte da infância e adolescência de muita gente como a primeira experiência com jogos multiplayer. Nele, você jogava com amigos e tinha a liberdade de tirar sarro deles e atrapalhá-los por diversão. Dessa forma, não é difícil imaginar que os HUE levem esse comportamento para outros jogos, ignorando o fato de estar sendo uma pessoa inconveniente porque acredita estar entre amigos.

E justamente essa busca de amigos revela outro ponto importante para identificar um HUE: o uso constante de “BR?” nos chats para identificar compatriotas – o que também denota a comum falta de conhecimento em inglês. Em um MMO, comunicação é tudo, não basta jogar bem: não falar no idioma-padrão do servidor atrapalha todo mundo, além de gerar ressentimentos em quem não entende o que é dito.

(Fonte da imagem: Reprodução/Horrifict Intentions)

Finalmente em um grupo no qual se identifica e pode falar em português, o HUE liga o modo “estou na lan-house” e começa a jogar Counter-Strike com os amigos... Exceto pelo simples fato de ser outro jogo, matando um grupo inimigo que nem sabe estar jogando contra a “Gangue HU3”... Até ser tarde demais. Mas será que isso aconteceu justo por não saber inglês e, por isso, não entender o propósito do jogo?

Não. Você encontra esse comportamento mesmo em games com tradução para PT-BR e servidores nacionais. Contudo, o total desconhecimento do jogo parece uma boa razão para atitudes assim.

Backfire Effect: o tiro pela culatra

Segundo o blog do jornalista David McRaney, existe algo chamado Backfire Effect, um “tiro pela culatra”. Conforme a explicação, quando as mais profundas convicções de uma pessoa são negadas por argumentos contundentes, não importa o quão errado o indivíduo esteja: no fim, as suas crenças ficarão ainda mais fortes.

(Fonte da imagem: Reprodução/Act Three)

Em outras palavras: você nunca vai vencer uma discussão ao partir do princípio que a pessoa com quem você está argumentando está errada. Com isso, podemos chegar a uma conclusão extremamente desalentadora: falar com um HUE nunca vai adiantar de nada. Na verdade, se você descer ao patamar dele e sair xingando, daí sim que ele vai continuar com o seu comportamento deturpado. Ou seja, bater boca é perda de tempo e não resolve.

Não estamos sozinhos

Como até já foi mencionado acima, pessoas com “características HUE” existem também em outros países, o que é óbvio. Embora seja quase impossível não relacionar o comportamento imaturo desse pessoal à sua idade, seria injusto fazê-lo: talvez você seja ou conheça alguém íntegro e maduro que tenha menos de 14 anos.

Na verdade, levando em conta o “é só um jogo”, podemos acreditar que mesmo jogadores adultos agem como crianças por acharem que o meio permite essa liberdade. Ou melhor ainda, vale lembrar a Síndrome de Peter Pan, cada vez mais comum no mundo inteiro: maiores de idade já inseridos no mercado de trabalho se recusam a assumir compromissos que julgam acarretar uma responsabilidade muito grande.

(Fonte da imagem: Reprodução/Disney)

Consequências dos HUE e como evitá-las

Não importa se você joga bem ou não, a simples existência dos HUE fez com que todo jogador brasileiro seja considerado uma ameaça. Dessa forma, não é difícil encontrar jogadores estrangeiros “xenófobos”, os quais tentam expulsar gamers tupiniquins antes mesmo de uma partida começar. O estrago foi tão grande que é possível encontrar relatos (não confirmados), de estrangeiros imitando o comportamento HUE e, ao final do jogo, dizer serem brasileiros apenas para ajudar a manchar ainda mais a nossa reputação online.

Para evitar ser identificado como um HUE (mesmo que você não seja um!), a coisa mais simples a se fazer é não conversar em português em servidores estrangeiros. Em hipótese alguma. Sério. Caso você não saiba falar em inglês, seja sincero e diga “I don’t speak English, sorry”. Além disso, lembre-se do seguinte: o Google é seu amigo, use-o quando não souber de algo (é mais rápido do que esperar alguém responder em PT-BR em servidor estrangeiro).

(Fonte da imagem: Baixaki Jogos)

Diga não ao HUE

O estrago à imagem da comunidade brasileira já foi feita e, na verdade, existe há bastante tempo. Porém, ao evitar comportamentos HUE, lentamente podemos construir um perfil mais respeitável perante a comunidade internacional. O que você ganha com isso? Talvez o simples fato de não ter o acesso bloqueado (IP Block) a jogos de lançamento já seja uma razão interessante o suficiente, não acha?

Via BJ

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.