Como seria um mundo com impressoras 3D acessíveis a todos?

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A impressora 3D é o novo Napster. Se o antigo software de compartilhamento causou impactos profundos na indústria da música, as impressoras 3D, quando chegarem ao público em geral, revolucionarão a nossa forma de consumo. No vídeo acima, um dos entrevistados profetiza: deixaremos de ser consumidores passivos e passaremos a criar nossos produtos.

Não faz muito tempo que o Pirate Bay entrou na onda da impressão 3D e tem disponibilizado “objetos físicos” para download. Esse tipo de facilidade de produção e compartilhamento de objetos traz novas questões não só à dinâmica do mercado, mas também à ética: se antes era possível piratear música, com a impressão 3D podemos clonar brinquedos, peças de decoração e, no futuro, quem sabe, até mesmo um carro!

Comprar, não: criar!

Imagine que você quebrou, sem querer, a tampinha do compartimento de pilhas da sua câmera digital. A solução mais comum, hoje, seria usar fita adesiva, já que não se encontra uma peça tão específica à venda. Talvez seja possível entrar em contato com o fabricante, mas as chances de que essa peça custe 20% do valor da câmera não são baixas.

Impressora 3D exibida na Campus Party Brasil 2013 (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)

Em um mundo com impressoras 3D acessíveis a todos, você poderia baixar softwares como Blender ou Maya e usá-los para modelar uma peça idêntica, imprimindo-a, logo em seguida, no conforto do seu lar. Melhor ainda: se achar que esse item possui uma procura grande, você pode vendê-lo na internet ou simplesmente compartilhar o arquivo para que qualquer pessoa possa imprimi-lo.

Na verdade, pessoas do mundo todo já estão fazendo isso. Peças e produtos completos têm sido criados nos quartos de pessoas espalhadas pelo mundo todo. Infelizmente, essa é uma tecnologia que ainda está restrita a uma parcela da população que pode pagar pelo alto custo das impressoras 3D. Mas é certo que, com o passar do tempo, esses equipamentos terão preço muito mais acessível e serão adotados massivamente.

O que você faria com uma impressora 3D?

O Tecmundo já publicou sete exemplos de coisas alucinantes que você vai criar em casa com impressoras 3D. As opções são diversas e vão desde blocos de montar, semelhantes ao LEGO, até exoesqueleto para crianças que possuem dificuldade de locomoção. Em casos mais extremos, é possível imprimir casas, carros e até outra impressora 3D.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia)

Com toda essa flexibilidade causada pelas impressoras 3D, diversas questões têm sido levantadas, principalmente em relação aos setores econômicos e direitos autorais.

Copyright e impressão 3D

O triângulo de Penrose, em teoria, é visto com um objeto impossível, devido às suas propriedades geométricas. Não por acaso, ele é usado em gravuras pelo artista holandês M. C. Escher, que criou inúmeras peças que exploravam conceitos matemáticos e arquitetônicos.

Apesar de toda essa impossibilidade, o designer Ulrich Schwanitz imprimiu um triângulo de Penrose com sua impressora 3D e divulgou um vídeo na internet contando sua façanha. Depois disso, Schwanitz colocou o objeto à venda na internet por US$ 70 (cerca de R$ 141). Até o momento, nada de errado. Porém, algumas semanas depois, outro modelador 3D, Artur Tchoukanov, estudou o objeto criado por Schwanitz e reproduziu-o, mas com um diferencial: divulgou o feito no Thingiverse, um repositório open source de modelos 3D.

Impressão 3D de um triângulo de Penrose, feito, parcialmente, com cubos invertidos (Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia)

Depois disso, não demorou muito até que Schwanitz pedisse para que o arquivo de Tchoukanov fosse tirado do ar, clamando ser o detentor da propriedade intelectual daquele objeto. Apesar de ser uma situação bastante questionável, o Thingiverse acabou acatando o pedido do designer original.

Esse foi só o primeiro conflito de direitos autorais que se tem registro devido ao uso de impressoras 3D. Mas é provável que, no futuro, situações como essa se tornem mais comuns, principalmente se scanners 3D se tornarem mais precisos e mais baratos: nesse caso, copiar um objeto será tão fácil quanto clonar um CD.

Por enquanto, pode-se dizer que a indústria de impressão 3D ainda não teve o seu momento “Napster” e, em partes, isso se deve ao fato de que a tecnologia ainda está muito restrita ao mundo de hobbistas e afins. Quando ela se popularizar mais, legisladores certamente voltarão a atenção para ela.

Posso vender o Darth Vader?

Um processo que já existe e que deve se proliferar no futuro é a presença de sites especializados em vender objetos 3D sob demanda. O funcionamento é simples: o criador de um modelo 3D envia o arquivo para um site e, sempre que a peça for vendida, ele ganha uma porcentagem da venda, terceirizando todo o processo.

Curiosamente, é possível encontrar nesses sites objetos que claramente violam alguma lei de direito autoral, como o de bustos do Darth Vader ou cenários do primeiro game do Mario, da Nintendo. E, por mais surpreendente que seja, até agora não houve reclamações de propriedade intelectual, sendo o caso do triângulo de Penrose um dos únicos do mundo todo.

(Fonte da imagem: Reprodução/Thingiverse)

E o Brasil também já possui um serviço que funciona da mesma forma: trata-se do Imprima 3D, site que funciona com um modelo de negócios semelhante. Portanto, espere grandes polêmicas de direitos autorais quando a impressora 3D se popularizar no Brasil.

Impressoras 3D x distribuição global de produtos

Diariamente, milhares de produtos são transportados por navios ou aviões de um continente para outro.  Mas, com a popularização da impressora 3D, esse mercado de distribuição global poderia ser drasticamente reduzido. Segundo o site SmartPlanet, uma grande quantidade de itens produzidos na China, por exemplo, poderiam ser fabricados em impressoras dos EUA ou da Europa, reduzindo assim a carga desses meios de transporte.

Popularização de impressoras 3D pode impactar até mesmo a distribuição de itens (Fonte da imagem: Reprodução/About.com)

A necessidade de manter enormes armazéns para o estoque desses produtos também pode diminuir, visto que esses bens poderiam ser impressos sob demanda. Já pensou como seria eliminar o frete de uma capinha para o iPhone, podendo imprimi-la na sua própria casa, tão logo o pagamento fosse aprovado pela loja?

Impressão 4D para um futuro mais distante

A impressão 3D está longe de se popularizar, mas já há quem pense em um aperfeiçoamento dessa tecnologia. O professor do MIT Skylar Tibbits apresentou, no início de 2013, uma palestra no TED sobre o que ele chama de Impressão 4D.

Infelizmente, não estamos falando de imprimir objetos em dimensões paralelas. O nome é um pouco infeliz e chega a lembrar o caso dos “MP9” vendidos pelos camelôs. Mas a ideia é muito bacana: objetos que, depois de impressos, são capazes de se montarem sozinhos.

No vídeo acima, por exemplo, podemos ver um tubo que, ao entrar em contato com a água, se expande e se transforma lentamente em uma espécie de cubo. Esse tipo de solução poderá ser usado tanto no caso de móveis que se montam sozinhos quanto em encanamentos que se modificam de acordo com o fluxo da água que corre por eles. E além da água, Tibbits acredita que poderão ser usadas outras fontes de energia para desencadear essas transformações, como calor, som e vibração.

Por enquanto, só nos resta torcer para que a era da impressão 3D popular chegue.

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