5 tecnologias da natureza que desafiam a ciência

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Ciência e natureza, uma via de mão dupla (?!). (Fonte da imagem: Reprodução/GoldTiger)

Pode-se dizer que a ciência, pelo menos como a conhecemos hoje, foi “parida” durante o Iluminismo; nosso jeito cartesiano (método moderno de construção científica) de encarar o mundo começou a ganhar força durante os séculos seguintes ao XVIII. Mas, mesmo após praticamente três centenas de anos de “desenvolvimento das formas livres de pensar”, por vezes a tão cultuada ciência leva alguns tropeços...

E isso, na verdade, pode até ser mais comum do que se pensa. Prova disso são as “tecnologias da natureza” que, se não desafiam a ciência, ao menos a colocam em xeque. Nesta matéria, iremos mostrar algumas invenções elaboradas pela “mãe natureza” que acabam, não raro, se sobrepondo às mais geniais criações já moldadas pela mente humana.

Sabemos, conforme já publicado por aqui, que diversas tecnologias usadas cotidianamente foram inspiradas pela natureza: o velcro, moldado a partir das plantas do gênero Arctium, e a disposição do esquema de ar-condicionado, baseada na arquitetura de cupins, são alguns desses exemplos. Mas e quando um reator nuclear subterrâneo com milhares de anos de existência é encontrado?!

(Fonte da imagem: Reprodução/Examiner)

As “tecnologias da natureza” estariam desafiando a ciência (ou, quiçá, vice-versa)? Ou há, na realidade, um tipo de “mutualismo” entre ambas as “gigantes criadoras e disseminadoras de conhecimento”? Confira a lista abaixo e tire as suas próprias conclusões.

1 – Reator nuclear subterrâneo natural

Na década de 1970, um grupo francês de exploração de urânio foi enviado ao Gabão (sudoeste da África). Durante a árdua tarefa de extrair o tal minério do solo, algo curioso logo foi notado: o urânio estava “empobrecido”. Isto é: o mineral encontrava-se em um estado parecido com o de resíduos normalmente usados em processos de manipulação nuclear.

O reator nuclear natural funcionou durante algumas dezenas de milhares de anos. (Fonte da imagem: Reprodução/Inhabitat)

Além disso, o elemento plutônio (que não existe “em forma pura” na natureza) foi encontrado também durante as escavações. Após a descoberta, uma equipe de cientistas enviada por um projeto encabeçado pela inteligência africana concluiu que havia, no local, um tipo de “reator nuclear natural” – que “funcionou” durante quase 150 mil anos.

Formação

Há cerca de dois bilhões de anos, algas azuis-verdes localizadas em um rio no que hoje conhecemos por Gabão evoluíram e, nesse processo, acabaram oxigenando a água – permitindo assim a formação de óxidos de urânio solúveis. Esses elementos migraram por toda a corredeira e, através do desencadeamento de reações químicas, acabaram se transformando em sedimentos convertidos em depósitos de urânio insolúveis – criando um “reator nuclear natural”.

2 – Nadadeiras tão eficientes quando hélices

Quanto mais suave e preciso for o impacto de uma lâmina (hélice de helicópteros, de submarinos ou outras), mais eficiente vai ser o movimento de locomoção do objeto em um meio qualquer (exceto no vácuo, é claro). A ciência há muito sabe disso, mas a baleia Jubarte tem dado um verdadeiro show quando o assunto é “aerodinâmica”.

AmpliarAmplie a imagem para visualizar os detalhes da nadadeira. (Fonte da imagem: Reprodução/Urbantimes)

O “design” das nadadeiras da Jubarte proporciona ao animal a capacidade de realizar movimentos acrobáticos impagáveis – e, até o momento, inimitáveis. Isso significa que, apesar dos avanços das tecnologias de navegação e aviação, ainda não é possível reproduzir algumas das formidáveis peripécias feitas pelo mamífero. O segredo? Uma fortíssima propulsão muscular e “verrugas” na ponta das nadadeiras.

3 – Seiva fermentada naturalmente

A seiva de algumas palmeiras nativas tem o poder de se transformar, naturalmente, em bebida fermentada. A única coisa a se fazer é coletar um pouco do “sangue bruto” do vegetal, deixá-lo descansando por uma ou duas horas e então (depois de filtrá-lo) bebê-lo. O teor alcoólico desse tipo de bebida pode chegar a 4%.

O teor alcoólico do Malavo pode chegar a 4% (Fonte da imagem: Reprodução/Flickr)

O "drink" resultante da fermentação natural pode levar o nome de "Malavo" em algumas regiões do Congo (África) quando extraído de pés de palmito, bordão e matebeira.

4 – Ursos polares são “invisíveis” a detectores térmicos

Jessica Preciado, uma jovem engenheira da Universidade de Berkeley, decidiu tentar descobrir como os ursos polares conseguem se camuflar tão bem em meio à neve. Depois de encarar seu objeto de estudo de perto – e justamente por não conseguir identificar os animais com facilidade nas terras geladas –, a jovem decidiu usar um detector térmico (sim, destes que o exército usa).

Os pelos destes animais têm as mesmas propriedades radioativas do gelo. (Fonte da imagem: Reprodução/Coe.Berkeley)

E eis a surpresa: a missão de encontrar o urso polar usando o equipamento militar falhou. Sim: o animal ficou “invisível” aos sensores térmicos do aparelho e quase colocou todo o trabalho de Jessica a perder. “Era possível ver apenas o rosto e um pouco das orelhas dele”, disse a jovem à revista Engineering News. Mas o mistério logo foi revelado. A estudante descobriu que “o pelo dos ursos polares tem as mesmas propriedades radioativas da neve”, isolando o calor de praticamente todo o corpo do animal.

5 – Plantas e animais que não se molham

Apesar de já termos criado um material que imita as mesmas propriedades do fenômeno conhecido como “super-hidrofobia” ou “efeito de Lótus” (característica que deixa a superfície de algumas folhas “à prova d’água”), precisamos admitir que a natureza está alguns milhões de anos à nossa frente...

A água, neste caso, se comporta como uma membrana elástica. (Fonte da imagem: Reprodução/Profanderson)

Por exemplo: a “tensão superficial”, que faz com que um líquido se comporte como uma membrana elástica, dá a alguns pequenos insetos a capacidade de literalmente andar sobre a água. Esse fenômeno é causado pelas ligações de hidrogênio, que basicamente consistem em interações moleculares feitas a partir da atração entre os hidrogênios de determinadas moléculas de água — polos positivos (H+) e negativos (O-).

A borboleta Morpho, por exemplo, possui uma altíssima hidrofobia nas asas que, por nunca ficarem molhadas, conseguem realizar voos mesmo debaixo de chuva.

As asas da Morpho nunca ficam molhadas. (Fonte da imagem: Reprodução/Uwstudentweb)

Mas a capacidade de “manter-se seco” está presente também no reino vegetal. A “super-hidrofobia” faz com que a superfície das folhas de algumas plantas (como a Flor de Lótus e outras aquáticas) fiquem expostas de forma mais intensa ao sol – otimizando a captação de luz para realização da fotossíntese.

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Por fim, como, na sua opinião, se dá a relação entre “ciência” e “natureza”? Existe realmente um tipo de “mutualismo” (interação benéfica recíproca entre ambas as “produtoras de conhecimento”)?  Deixe sua resposta nos comentários!

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